Formas de Transporte

O transporte do N pela planta é um importante elo entre os sítios de assimilação e os drenos. Esse transporte a longa distância envolve tanto o xilema como o floema. O transporte pelo xilema basicamente faz a ligação entre a raiz e a folha, pois depende da transpiração, sendo assim responsável pelo escoamento dos produtos da assimilação na raiz (incluindo os nódulos, no caso de leguminosas noduladas), bem como o transporte do excesso de NO3 absorvido pelas raízes até as folhas, outro sítio importante de assimilação do NO3.

O transporte de N na planta envolve compostos específicos e característicos da espécie. No geral, predominam os principais produtos da assimilação do N, como glutamina e asparagina. É característica das leguminosas a predominância de asparagina, com a glutamina frequentemente em segundo lugar. Ambos são produtos primários dos processos de assimilação, tanto do NO3 como da fixação simbiótica do N. Nas gramíneas, predomina a glutamina, enquanto a asparagina está presente em quantidades mínimas. No entanto, o número de espécies estudadas é relativamente pequeno para generalizar e esse quadro pode mudar no futuro.

São conhecidos alguns casos especiais, ou seja, espécies que fogem a essa regra. O mais bem documentado é o caso das leguminosas da tribo Phaseoleae (por exemplo, soja, feijão, feijão-de-corda), nas quais predominam os ureídos, sendo responsáveis por 60 a 90% do N transportado no xilema. Os ureídos alantoína e ácido alantóico são produtos quase específicos da fixação simbiótica de N nessas espécies, de forma que a sua presença é mínima no sistema de transporte de plantas não-noduladas, cultivadas com NO3. Observe a figura:

transporte

Em função dessa especificidade, o transporte de ureídos no xilema pode ser usado como indicador do grau de fixação do N nessas espécies. Mesmo nas leguminosas que apresentam o metabolismo de N baseado em ureídos, o aminoácido asparagina geralmente aparece em segundo lugar e predomina no xilema nas plantas não-noduladas. São conhecidas outras formas características de transporte de N na planta. Por exemplo, a citrulina (inclusive produto da fixação de N2) em Alnus e Casuarina e arginina em muitas árvores. Esses dois aminoácidos são caracterizados pela alta relação N:C (citrulina, 3:6, e arginina, 4:6).

Uma parte bastante significativa do N transportado via xilema não alcança a folha, uma vez que, durante o percurso, é constante a transferência de aminoácidos para o floema. Ocorre um processo seletivo nessa transferência, pois os aminoácidos básicos (arginina, lisina, etc.) são transferidos com maior facilidade, os neutros (asparagina, glutamina, etc.) com facilidade menor, enquanto os aminoácidos ácidos são mais difíceis de serem transferidos. O NO3-, aniônico como os aminoácidos ácidos, é totalmente excluído da transferência e, por essa razão, serve para diferenciar a seiva do xilema da seiva do floema.

Apesar da seletividade na transferência de aminoácidos do xilema para o floema, o conteúdo do floema não apresenta uma abundância de aminoácidos básicos. Pelo contrário, os mesmos aminoácidos abundantes no xilema (geralmente asparagina e/ou glutamina) são os principais aminoácidos encontrados no floema. A explicação está na maior concentração no xilema, que compensa as restrições de transferência. Por outro lado, os aminoácidos básicos normalmente estão em baixíssima concentração no xilema (exceto arginina em algumas árvores).

Como o transporte no floema corre nos dois sentidos, parte do N transferido é devolvida para a raiz, onde pode ser metabolizada ou retomada para o xilema. Essa reciclagem de N pode ter um importante papel regulatório nos processos de assimilação, servindo como indicador do estado nutricional da planta em termos de N. Além da transferência de N do xilema para o floema, aminoácidos produzidos na assimilação do NO3 nas folhas são carregados no floema para transporte. No final do ciclo da planta, na fase reprodutiva, há mobilização de grande quantidade de N, na forma de aminoácidos, das folhas e do caule para os frutos em desenvolvimento, que representam os drenos mais fortes nessa fase.

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