Home » Metabolismo da Germinação » Morfologia de Sementes » Apêndices e estruturas presentes na cobertura protetora

Apêndices e estruturas presentes na cobertura protetora

APÊNDICES E ESTRUTURAS PRESENTES NA COBERTURA PROTETORA

No estudo da morfologia externa de sementes, encontramos uma série de formações interessantes que geralmente estão relacionadas com o processo de dispersão e servem como elementos de diferenciação entre sementes de diversas espécies vegetais, dentre elas citam-se:

ALAS

É qualquer expansão em forma de asa (laminar, foliácea ou membranácea) e que se prolonga da superfície de diversos órgãos. No fruto é formada exclusivamente pelo pericarpo e na semente é formada apenas pelo tegumento. A estrutura é dita alada(o). Como fruto alado cita-se a sâmara, como ocorre em: Pterogyne nitens Tul. (Fabaceae-Caesalpinoideae), Tipuana tipu (Benth.) Kuntze (FabaceaePapilionoideae).

Em sementes pode-se encontrar alas bilateral, apical ou circular:

Ala bilateral

Ocorre nos gênero Tabebuia (T. avelanedae Lor. ex Griseb.; T. chrysotricha (Mart. ex DC.) Standl.; T. impetiginosa (Mart.) Standl.; T. roseo-alba (Rindl.) Standl. – Bignoniaceae (Figura 1 A – D).

Figura 1: Alas bilaterais de Tabebuia: A- T. avelanedae; B- T. chrysotricha; C- T. impetiginosa; D- T. roseo-alba.

Ala apical

Ocorre em Aspidosperma polyneuron Müll. Arg. (Apocynaceae – Figuras 2 A e A’), Cariniana sp. (Lecythidaceae – Figura 2 B), Lagerstroemia speciosa (Lythraceae – Figura 2 C), Cedrela fissilis Vell. e Swietenia macrophylla King (Meliaceae), Luehea (Tiliaceae) e Qualea (Vochysiaceae).

Figura 2: Alas apicais de Aspidosperma polyneuron (A e A’), de Cariniana sp. (B) e Lagerstroemia speciosa (C). Legenda: f- funículo. Fonte: Brasil (2009).

Ala circular

Ocorre em Magonia pubescens (Figura 3 A), Clethra sp. (Figura 3 B), Allamanda sp. (Figura 3 D), Coutarea sp. (Figura 3 F), Campsiandra sp. (Figura 3 I) e Aspidosperma macrocarpon Mart. e Aspidosperma ramiflorum Müll. Arg. (Apocynaceae – Figura 3 E), nos gêneros Jacaranda (Bignoniaceae – Figura 3 G), Cardamine (Brassicaceae =Cruciferae), Spergula e Spergularia (Caryophyllaceae – Figura 3 J), Dimorphoteca (Asteraceae =Compositae) e Grevillea (Figura 3 C) e Roupala (Proteaceae) e na família Violaceae (Figura 3 H).

Figura 3: Sementes com alas circulares: AMagonia pubescens; B Clethra sp.; CGreville sp.; DAllamanda sp.; EAspidosperma ramiflorum; FCoutarea sp.; G– Bignoniaceae; H– Violaceae; ICampsiandra sp.; J- Spergularia grandis. Legenda: nse- núcleo seminífero, f- funículo. Fonte: Brasil (2009).

PÊLOS OU TRICOMAS

A presença de pêlos na superfície da semente está ligada à dispersão pelo vento ou por animais e pode, ainda, servir como aumento de superfície para a dispersão pela água (Figura 4).

Figura 4: Semente de Ipomoea cairica (Convolvulaceae) (Brasil, 2009).

ARILO

Corresponde a excrescência carnosa da semente; que pode ser de dois tipos: estrofíolo (etr – formado pelo funículo – f) e carúncula (cru – formada pelo tegumento e próximo da micrópila); os dois tipos somente se diferenciam em função do lugar onde iniciam seu desenvolvimento, do tamanho que alcançam, pela morfologia e pela coloração. O arilo (ari) às vezes cobre todo o tegumento da semente (sarcotesta) ou forma apenas um apêndice de tamanho variável. Ex Connarus sp. (Connaraceae – Figura 5 F), teixo (Taxus baccata L.), noz-moscada (Myristiaca fragans Houtt.), maracujá (Passiflora sp.), Talauma ovata A. St.-Hil. (Magnoliaceae). Nas Fabaceae– Papilionoideae apresenta-se como um anel ou um arco carnoso, ou como uma faixa ao lado do hilo, como em labe-labe (Lablab purpureus (L.) Sweet.), Mucuna, Eriosema – arilo membranáceo (Figura 5 H e H’) e Ulex (Fabaceae– Papilionoideae); Acacia molissima (Andrews) Willd. (Fabaceae–Mimosoideae – Figura 5 A e B); Turnera ulmifolia L (Turneraceae) – arilo funicular (f), unilateral, branco, membranáceo, inteiro ou lacerado, ao redor do ápice do funículo, exceto do lado da micrópila (Figura 5 C); Cleome sp. (Capparaceae) – sem ou com arilo vesiculoso (Figura 5 D).

Figura 5: Arilos: A- Acacia molissima; B- Acacia longifolia; C- Turnera ulmifolia; D- Cleome sp.; E- Polygala sp.; F- Connarus sp.; G- Glinus sp.; H-H’- Eriosema sp.; I- Chelidonium majus. Legenda: ple- pleurograma, ari- arilo, cru- carúncula, etr- estrofíolo. Fonte: Brasil (2009).

Pode apresentar-se como uma estrutura carnosa formadas em torno do exostoma da micrópila, como em Polygala sp. (Figura 5 E) ou no funículo longo-filiforme como formação arilóide carnosa, alvo-amarelada, em Glinus sp. (Mulluginaceae – Figura 5 G) e em muitas espécies do gênero Acacia (Acacia longifolia (Andrews) Willd (Figura 5 B). Em Chelidonium majus L. (Papaveraceae – Figura 3 I), o arilo é do tipo estrofíolo, uma excrescência carnosa da semente, que se forma a partir do funículo e visível como pequeno intumescimento sobre a rafe.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento Glossário ilustrado de morfologia / Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Secretaria de Defesa Agropecuária. – Brasília : Mapa/ACS, 2009. 406 p.

FERREIRA, A. G.; BORGHETTI, F. Germinação: do básico ao aplicado. Porto Alegre: Artmed, 2004. 323 p.

MARCOS FILHO, J. Fisiologia de sementes de plantas cultivadas. Piracicaba: FEALQ, 2005. 495 p.

SOUZA, L.A. 2006. Anatomia do fruto e da semente. Ponta Grossa, UEPG. 196 p.