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Morfologia do processo germinativo

MORFOLOGIA DO PROCESSO GERMINATIVO

A germinação é o primeiro estádio do biociclo vegetal, caracterizada por uma seqüência de eventos fisiometabólicos complexos, que iniciam com a embebição de água pelos diásporos e culminam com a protrusão da radícula (conceito fisiológico) ou com a formação da plântula normal, que em condições favoráveis de campo originam uma planta normal (conceito tecnológico).

            CLASSIFICAÇÃO EM RELAÇÃO A EMERGÊNCIA DOS COTILÉDONES

A germinação pode ser epígea ou hipógea.

  1. a) Germinação epígea

É a germinação na qual os cotilédones e a gema apical são elevados acima do solo pelo alongamento do hipocótilo (Figura 1). Como nos gêneros Allium (Alliaceae), Helianthus (Asteraceae =Compositae), Phaseolus (Fabaceae =Leguminosae), e espécies como mamona (Euphorbiaceae), trigo-sarraceno (Fagopyron esculentum Moench – Polygonaceae) e pêssego (Prunus persica (L.) Batsch – Rosaceae).

 

Figura 1 Caracterização de plântulas de feijão oriundas de germinação epígea. Legenda: Rap- raiz primária; ral- raiz lateral; hip- hipocótilo; co- cotilédone; epi- epicótilo; fp- folha primária; gea- gema apical. Fonte: Brasil (2009).

  1. b) Germinação hipógea

É a germinação na qual os cotilédones ou uma estrutura semelhante, como o escutelo, permanecem no solo ou na superfície do mesmo e dentro da semente (Figura 2). O eixo é elevado acima do nível do solo pelo o epicótilo, como nas Dicotiledôneas ou pelo alongamento do mesocótilo em algumas Monocotiledôneas. Ex: Poaceae (=Gramineae) nos gêneros Triticum e Zea e em Fabaceae (=Leguminosae) no gênero Pisum.

 

Figura 2 Caracterização de plântulas de milho oriundas de germinação hipógea. Legenda: rap- raiz primaria; rad- raiz adventícia; cop- coleóptilo; pl- plúmula. Fonte: Brasil (2009).

            CLASSIFICAÇÃO EM RELAÇÃO A PERMANÊNCIA DO TEGUMENTO NOS COTILÉDONES APÓS A EMERGÊNCIA

A germinação pode ser classificada como fanerocotiledonar ou criptocotiledonar.

  1. a) Germinação fanerocotiledonar

É a germinação onde os cotilédones emergem do tegumento da semente, escapam da testa e se expandem (Figura 3). As espécies com esse tipo de germinação são também epígeas.

Ex: nos gêneros Helianthus (Asteraceae =Compositae), Phaseolus (Fabaceae =Leguminosae), pêssego (Prunus persica (L.) Batsch – Rosaceae e em Coníferae, com os cotilédones escapando da testa aos 5 dias.

Figura 3 Caracterização de plântulas de Prunus persica oriundas de germinação epígea-fanerocotiledonar. Legenda: s- semente; rd- radícula; rap- raiz primaria; hip- hipocótilo; co- cotilédone; pl- plúmula; epi- epicótilo; rs- raiz secundária; fp- folha primária; bv- broto vegetativo. Fonte: Brasil (2009).

 

  1. b) Germinação criptocotiledonar

É a germinação onde os cotilédones não emergem do tegumento da semente e permanecem no interior do mesmo até o final do processo (Figura 4). As espécies com esse tipo de germinação são também hipógeas.

Ocorre no gênero Pisum (Fabaceae =Leguminosae); em Campsiandra laurifolia Benth. (Fabaceae-Caesalpinioideae); Eugenia edulis (O. Berg) Kiaersk. (Myrtaceae) e Araucaria angustifolia (Bert.) Kuntze (Araucariaceae).

 

Figura 4 Caracterização de plântulas de germinação hipógea-criptocotiledona. A- Campsiandra laurifolia; B- Eugenia edulis; C- Araucaria angustifolia. Fonte: Brasil (2009).

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