A respiração celular refere-se ao caminho bioquímico na qual ocorre a oxidação dos compostos orgânicos para produção de energia que é utilizada para os processos essenciais a vida. Na respiração a glicose é o substrato mais comum sendo oxidada na presença de oxigênio de acordo com a seguinte reação:

ΔH= – 673 Kcal.mol-1;  ΔG0’= – 686 Kcal.mol-1
ΔH= – 2815,83 Kj.mol-1; ΔG0’= – 2870,22 Kj.mol-1
A respiração vegetal também pode ser expressa como a oxidação da molécula de 12 carbonos (sacarose) e a redução de 12 moléculas de O2:
C12H22O11 + 13H2O → 12CO2 + 48 H+ + 48 e–
12O2 + 48 H+ + 48 e– → 24H2O
Resultando na seguinte reação liquida:
C12H22O11 + 12O2 → 12 CO2 + 11H2O
ΔG0’ = – 1376,673 Kcal.mol-1
ΔG0’ = – 5760 Kj.mol-1
Esta expressão simplificada representa uma reação redox acoplada na qual a sacarose é completamente oxidada a CO2, enquanto que o oxigênio serve como um aceptor final de elétrons, sendo reduzido a água. A completa oxidação de uma molécula de sacarose, em condições de laboratório, rende uma energia livre correspondente a 5760 kJ. Parte da energia produzida na reação da respiração é utilizada no metabolismo celular, para transporte ativo de moléculas e para a biossíntese de inúmeras moléculas essenciais ao processo do desenvolvimento e à produção vegetal. Entretanto, o rendimento energético final depende da presença ou não do O2 nas células.
A respiração compreende uma sequência de inúmeras reações metabólicas, em três estágios distintos e agrupados: glicólise, ciclo de Krebs (ciclo do ácido cítrico ou ciclo dos ácidos tricarboxílicos ) e cadeia transportadora de elétrons (Fig. 1). A via das pentoses fosfato é um caminho alternativo importante do metabolismo da glicose. A via das pentoses pode ocorrer, nos plastídios de tecidos não fotossintéticos e no citosol de todos órgãos como mostrado na figura 1. Esta via não gera ATP, mas exerce algumas funções importantes para o metabolismo celular:
- Produz NADPH para as síntese redutivas, tais como: as biossínteses dos ácidos graxos e dos esteroides;
- Produz ribose para as biossíntese dos nucleotídeos e dos ácidos nucleicos;
- Produz eritrose-4-fosfato que combina-se com o fosfoenolpiruvato (PEP) na reação inicial que produz compostos fenólicos vegetais, incluindo aminoácidos aromáticos e precursores de lignina, flavonoides e fitoalexinas.
Para saber mais sobre a via das pentoses fosfato. CLIQUE AQUI.
FIGURA 1: Visão geral da respiração e via das pentoses citosólica e plastídica. (Taiz et. al., 2017).
As necessidades energéticas nas células eucarióticas são maiores, e a presença de organelas como as mitocôndrias permitem uma oxidação completa do ácido pirúvico obtido na sacarose, originando compostos mais simples (água e dióxido de carbono) com libertação de energia. Esta via metabólica ocorre na presença de oxigênio e denomina-se respiração aeróbia.
FIGURA 2. Catabolismo de proteínas, gorduras e carboidratos durante os três estágios da respiração celular. Estágio 1: a oxidação de ácidos graxos, glicose e alguns aminoácidos gera acetil-CoA. Estágio 2: a oxidação dos grupos acetil no ciclo do ácido cítrico inclui quatro etapas nas quais os elétrons são removidos. Estágio 3: os elétrons carreados por NADH e FADH2 convergem para uma cadeia de transportadores de elétrons mitocondrial (ou, em bactérias, ligados à membrana plasmática) – a cadeia respiratória – reduzindo, no final, O2 a H2O. Este fluxo de elétrons impele a produção de ATP. (LEHNINGER, 2014).
- Regulação e Inibição da Respiração
Os substratos – ADP e Pi – para a síntese de ATP parecem ser os reguladores-chave em curto prazo da glicólise no citosol, do ciclo do ácido cítrico e da fosforilação oxidativa nas mitocôndrias. Em todos os três estágios da respiração, há pontos de controle.
O sitio de regulação pós-tradução mais bem caracterizado do metabolismo respiratório mitocondrial é o complexo piruvato desidrogenase, que é fosforilado por uma proteína quínase reguladora e desfosforilado por uma proteína fosfatase. A piruvato desidrogenase encontra-se inativa no estado fosforilado e a quínase reguladora é inibida pelo piruvato, permitindo desta forma a atividade da enzima quando o substrato esta disponível (Fig. 3). A piruvato desidrogenase forma o ponto de entrada do ciclo do ácido cítrico,de modo que essa regulação ajusta a atividade do ciclo e a demanda celular.
 Figura 3. Regulação metabólica da atividade da piruvato desidrogenase (PDH), diretamente ou por fosforilação reversível. (Taiz et. al., 2017).
Figura 3. Regulação metabólica da atividade da piruvato desidrogenase (PDH), diretamente ou por fosforilação reversível. (Taiz et. al., 2017).
A respiração em plantas, em geral controlada alostericamente “de baixo para cima”, pelo nível celular de ADP (Fig. 4). O ADP regula inicialmente a transferência de elétrons e a síntese de ATP, que, por sua vez, irá regular a atividade do ciclo de Krebs, o qual, regula a glicólise. Este controle “de baixo para cima” permite que vias respiratórias se ajustem à demanda por unidades estruturais biossintéticas, aumentando a flexibilidade respiratória. Figura 4. Modelo de regulação “de baixo para cima” (bottom-up) da respiração vegetal. (Taiz et. al., 2017).
Figura 4. Modelo de regulação “de baixo para cima” (bottom-up) da respiração vegetal. (Taiz et. al., 2017).
A mitocôndria tem sido adequadamente chamada de “casa de força” da célula, por ser dentro desta organela que ocorre a maior parte da captura de energia formada a partir da oxidação de compostos orgânicos. Toda energia útil liberada durante a oxidação dos ácidos graxos e dos aminoácidos, e quase toda energia liberada a partir da oxidação dos carboidratos torna-se disponível dentro das mitocôndrias como equivalentes redutores.
A mitocôndria contém uma série de catalisadores, conhecidos como cadeia respiratória, que coletam e transportam esses equivalentes redutores. O sistema mitocondrial que acopla esses equivalentes redutores a geração de um intermediário de alta energia – o ATP, é denominado de fosforilação oxidativa. A fosforilação oxidativa capacita os organismos, em comparação com os anaeróbicos, a capturar uma proporção muito maior de energia disponível dos substratos respiratórios. A teoria quimiosmótica oferece uma compreensão de como o processo é realizado. Certas drogas como o amobarbital e venenos como o cianeto e monóxido de carbono inibem a fosforilação oxidativa, geralmente com conseqüências fatais.
- Referências Bibliográficas:
Fernie, A. R.; Carrari, F.; Sweetlove, L. J. Respiratory metabolism: glycolysis, the TCA cycle and mitochondrial electron transport. Current Opinion in Plant Biology, v. 7, p. 254–261, 2004.
Lehninger, A. L.; Nelson, D.L.; Cox, M.M. Princípios da Bioquímica de Lehninger. 6. Ed. Porto Alegre: Artmed, 2014. 425p.
Luo, B.; Groenke, K.; Takors, R.; Wandrey, C.; Oldiges, M. Simultaneous determination of multiple intracellular metabolites in glycolysis, pentose phosphate pathway and tricarboxylic acid cycle by liquid chromatography–mass spectrometry. Journal of Chromatography. v. 1147, p. 153–164, 2007.
Marten, W.; Vivek, S.; Ville, R. I. K.; Jonathan, P. H.; Gerhard, H. New Perspectives on Proton Pumping in Cellular Respiration. Chem. Rev. 2015, 115, 2196−2221. DOI: 10.1021/cr500448t.
Plaxton, W. C. The organization and regularion of plant glycolysis. Annu. Rev. Plant Physiol. Plant Mol. Biol., v. 47, 185–214, 1996.
Taiz, L.; Zeiger, E.; Moller, L. M.; Murfhy, A. Fisiologia e desenvolvimento vegetal. 6. ed., Artmed, 2017. 528 p.
 


 
								
